Resenha - Felìcita: Nomeada Pelo Crime
Felìcita - Nomeada Pelo Crime
Autor (a): Annalisa Volgarini
Editora: Clube de Autores
Gênero: Literatura Brasileira/ Infanto-Juvenil/ Drama/ Romance
Páginas: 175
Sinopse: Skoob
"Felicita" é o tipo de livro que prova que mesmo em poucas páginas é possível criar uma ficção bem estruturada e perfeitamente escrita, além de conseguir sem nenhum problema descrever o submundo dos crimes organizados de um jeito cômico e cheio de referências que acabam deixando a narrativa muito mais interessante. E é assim que desde a primeira página o suspense é o protagonista de cada momento, afinal como a própria sinopse diz não é todo dia que você é abordada por um Deus Grego que sabe tudo sobre à sua vida.
“— Somos seres racionais e egoístas, é da natureza humana. Assim como no teatro, atuamos, agimos de modo dissimulado de acordo com cada cenário e esperamos uma determinada reação que nos convém”.
A história é contada em primeira pessoa por Audrey, a jovem universitária, aspirante à atriz que acaba se tornando Felìcita Del Vecchio, herdeira da máfia de Nova Jersey praticamente nos primeiros capítulos, mesmo assim a expectativa da história não acaba por aí, pois saber o próximo passo de cada acontecimento ainda não parece óbvio, e sempre surge algo que vale a pena refletir, seja o pensamento contraditório que ela tem em assimilar quem verdadeiramente é, seja em entender que nem sempre existi tempo para sensatez.
“Pegue minha mão e venha para o lado negro, Felícita, quebrar ossos e se banquetear com sangue nadando em piscinas de dinheiro”.
Durante toda a narrativa não existe espaço para o tédio, e muito menos para diálogos piegas, tudo na narrativa se desenvolve de um jeito único, isso inclui desde as partes dramáticas até às amorosas, que só demonstram como torcer pelo vilão pode ser muito divertido. Não existe só Felícita no livro, ou seja, existem outros (como o restante da família Del Vecchio ou o Deus Grego do bar chamado “Amon Cavanagh”) que definem o enredo com a mesma importância que a protagonista isso acaba deixando mais lados para explorar, mais pessoas para odiar ou admirar.
“Deixo-o com seus pensamentos e dilemas e procuro no closet a roupa adequada para a situação, ago que diga ‘família, cheguei para abalar’”.
A trama é inteiramente eletrizante em todas as 175 páginas que parece ser a quantidade certa para a trajetória do enredo, nem um pouco a mais, nem um pouco a menos, isso acaba tornando a leitura rápida e flexível, pois mesmo tratando do submundo das máfias e crimes organizados nada nos capítulos torna o livro excessivamente adulto, aliás, as diversas piadinhas entre um acontecimento e outro acrescenta a “Felìcita” o gênero infanto-juvenil não excluindo nenhum leitor que queira lê-lo.
“— Sabe, você é bem durona pra uma garota tão pequena. Acho que supera o Chuck Norris”.
De uma forma bem dinâmica os personagens expõem alguns argumentos críticos sobre o nosso papel na sociedade, e a conclusão que temos é que o meio forma o indivíduo. Isso só prova como Annalisa Volgarini é talentosa na arte da literatura, e é uma pena que uma obra excelente dessa ser pouco reconhecida.
